PÍLULAS
SINOPSE
ENCONTROS CONTEMPORÂNEOS DA ARTE são uma iniciativa das produtoras Matizar e Automatica cujo principal objetivo é articular ação e reflexão sobre as artes visuais e seus desdobramentos no contexto cultural do Brasil contemporâneo. Em parceria com o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ) e o Instituto Moreira Salles (IMS), uma série de eventos em variadas frentes mostrará ao público uma ampla produção de ideias, sons e imagens cujo ponto de partida é a potência da arte como espaço permanente de criação.
No MAM, durante três domingos de outubro, nos Encontros com os Domingos da Criação, vários artistas propõem encontros da população com a arte e a área externa do museu, produzindo novas formas de incorporação do espaço público.
No museu, houve também durante o mês de outubro, uma exposição com farta documentação sobre os primeiros Domingos da Criação, com curadoria do Frederico Morais, responsável pelos famosos Domingos da Criação – uma série de encontros coletivos entre artistas e população, que ocorreram nos jardins do MAM em 1971.
No Instituto Moreira Salles, aconteceu uma mostra de filmes que exploram as fronteiras entre o cinema e as artes visuais com curadoria de José Carlos Avellar. Além disso, o Instituto sediou um seminário com a participação de artistas, críticos, curadores e pesquisadores que debateram questões centrais para a arte contemporânea – como sua relação com o espaço público e seus embates com o campo político. Na sua primeira mesa-redonda, foi prestada uma homenagem à trajetória do crítico e curador Frederico Morais.
Os ENCONTROS CONTEMPORÂNEOS DA ARTE são, portanto, mais do que um evento visando apresentações ou reflexões isoladas. São uma forma de oferecermos para a cidade do Rio de Janeiro uma série de olhares, palavras, imagens e ações renovadoras sobre o tema das artes visuais, e de ampliarmos ainda mais suas possibilidades de transformação permanente do nosso cotidiano. E em breve tem mais
FICHA TÉCNICA
Artistas Participantes dos Encontros Contemporâneos da Arte
Cildo Meireles
Frederico Morais
GIA
Isabela Sá Roriz
Jefferson Miranda
Luiza Baldan
Maíra das Neves
OPAVIVARÁ!
Paula Trope
Paulo Vivacqua
Vivian Caccuri
Participantes dos Debates no Instituto Moreira Salles
CRÍTICA COMO CRIAÇÃO: Debate com Fernando Cocchiarale, Frederico Morais e José Carlos Avellar
ARTE E POLÍTICA: Carlos Vergara, Cildo Meireles e Moacir dos Anjos
ARTE E ESPAÇO PÚBLICO: Agnaldo Farias, Marcos Chaves e Pedro Rivera
NOTAS
ENCONTROS COM OS DOMINGOS DA CRIAÇÃO
MUSEU DE ARTE MODERNA DO RIO DE JANEIRO
Ano de 1971, Rio de Janeiro, Museu de Arte Moderna. Nesse espaço, entre janeiro e julho daquele ano, os últimos domingos de cada mês entraram para a história das artes e da cultura brasileira como os Domingos da Criação. O crítico e curador Frederico Morais convidou uma série de artistas para realizar diversas manifestações ligadas a materiais como o papel, a terra, o tecido, o corpo, o som e o fio. Cada Domingo tinha seu título ligado a um questionamento crítico sobre o dia da semana consagrado ao ócio inerte das famílias. A proposta era oferecer novas formas de lazer criativo para a população da cidade, aliando arte e participação pública. Sucesso de público e crítica, os Domingos da Criação chegaram a reunir milhares de pessoas em suas edições e foram amplamente registrados na imprensa da época.
Esse sucesso em sua época decorre principalmente de duas dimensões políticas que ampliavam as ações feitas por Frederico Morais, pelos artistas convidados e pela população. Ao mesmo tempo em que os Domingos da Criação questionavam posturas e opiniões acadêmicas ou conservadoras sobre a arte brasileira daquele momento, o evento realizado nos jardins do MAM-RJ também alimentava uma crítica ao próprio espaço museológico e seu uso por parte da cidade. Sua força política provinha daí, dessa dupla tensão entre o fazer, o pensar, o exibir e o guardar a arte no Brasil em um momento de efervescência intelectual e censuras de opinião.
O evento e sua história tornaram-se uma referência para futuras gerações. Até hoje sua fama ecoa entre novos artistas e interessados na arte brasileira em geral. Seu elemento nostálgico é reforçado pela impossibilidade de reproduzirmos, na atualidade, o impacto e a importância da reunião da população ao redor da arte em um espaço público e em plena ditadura militar. No contexto atual, deparamo-nos com outra arte, outra situação política e outra cidade. A força dos Domingos da Criação de 1971 reside justamente no seu papel insubstituível como um evento que marcou e definiu uma época.
Toda memória, porém, pode e deve ser reativada a partir do nosso presente. Rejeitando qualquer re-tomada ou re-visão, afastando o ranço nostálgico de uma visita ao passado e aceitando a impossibilidade dere-fazer os Domingos da Criação em 2010 como foram feitos, a série Encontros com os Domingos da Criação propõe a articulação entre a memória dos eventos de 1971 com as novas possibilidades de reunir artistas e população ao redor de um impulso criativo.
Se as formas de lazer mudaram, se a relação da cidade com o espaço público e com o Museu de Arte Moderna mudou, devemos partir dessa mudança para sugerirmos um novo formato. O que está em jogo não é mais o questionamento sobre o domingo como dia da semana, mas sim uma nova forma de integrarmos o museu e a arte no atual contexto da cidade.
Para esses novos domingos realizados no MAM em outubro de 2010, planejamos três encontros: Encontros com a memória: passado e presente dos Domingos; Encontros da invenção: modos de usar; e Encontros do lado de fora: som, palavra e ruídos.